Entenda como a guerra entre Israel e Irã impacta a economia do Brasil e de Goiás

Bruno Goulart

A escalada de tensões entre Irã e Israel, que resultou em ataques aéreos na madrugada desta sexta-feira (13), está causando impactos imediatos na economia global – e o Brasil, assim como Goiás, já começam a sentir os efeitos. De acordo com a economista Greice Fernandes e a internacionalista Melissa Borges, ouvidas pelo O HOJE, o conflito deve gerar pressão inflacionária, possível alta de juros e desafios para o agronegócio, mas também pode abrir oportunidades para as exportações goianas.

O primeiro impacto visível foi no preço do petróleo. Greice Fernandes explica: “Essa guerra entre Irã e Israel, que pegou o mundo de surpresa, fez as bolsas afundarem. O preço do barril de petróleo chegou a subir 13% ao longo do dia, mas agora está operando entre 7 e 10%”. Essa alta do petróleo, segundo ela, tem efeitos em cascata: “Para nós aqui, a nível de economia, nós vamos ter o quê? Inflação. Porque a alta do petróleo gera uma pressão inflacionária geral, afetando margens das empresas dependentes de combustíveis ou commodities importadas”.

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A economista alerta que esse cenário pode levar a novos aumentos na taxa Selic: “Como nós já temos uma inflação presente na economia brasileira e também uma elevada taxa Selic com possibilidade de alta agora para semana que vem pelo Copom, essa guerra vem contribuir mais ainda para pressionar a inflação e pressionar também a elevação da taxa Selic”. Ela destaca que o momento político interno – com a discussão sobre o IOF – torna a situação ainda mais delicada: “Esse conflito não podia vir em hora pior, porque ele vai de encontro a situação política que nós estamos vivendo aqui”.

Impacto em Goiás

Para o estado de Goiás, terceiro maior produtor de grãos do país, os impactos são ambivalentes. Melissa Borges, advogada e mestre em direito internacional, analisa: “Para nós tem dois lados. É ruim, pois os fertilizantes e combustíveis ficam mais caros, mas por outro lado, é que o real desvalorizado torna nossos produtos mais competitivos”. Ela destaca que Goiás, como líder nas exportações de soja – com mais de 12 milhões de toneladas previstas para esta safra – pode se beneficiar dessa conjuntura.

Porém, há riscos específicos para o estado. Borges explica: “Goiás pode ser afetado pelos custos mais altos de fertilizantes e possíveis restrições nas exportações de carne halal para mercados islâmicos”. Ela faz uma ressalva importante: “Vale ressaltar que Irã não é um país árabe, é um país persa, porém segue a tradição de carne halal, pois segue os preceitos islâmicos”.

A internacionalista traça um paralelo com a guerra entre Rússia e Ucrânia: “Um paralelo que eu vejo foi quando teve a invasão da Rússia na Ucrânia. No início o mercado brasileiro ficou muito preocupado porque nós éramos muito dependentes dos fertilizantes da Rússia e da Bielorrússia. Com decorrer vimos que passou dessa fase do início de ficarmos preocupados e conseguimos diversificar as origens do nosso fertilizante”.

O maior temor, segundo as especialistas, é uma possível interrupção no fluxo de petróleo pelo Estreito de Ormuz, por onde passa 30% do petróleo mundial. Borges alerta: “O mercado projeta petróleo entre 60 e 66 dólares por barril, mas em caso de instabilidade, como ocorreu nessa escalada militar, pode chegar até 120 a 130 dólares o barril”.

Greice Fernandes destaca como isso afetaria o Brasil: “O temor é que essa guerra afete a oferta de petróleo no mundo. O que por consequência eleva o preço do ouro negro, eleva o preço dos combustíveis e eleva o preço da cadeia produtiva. Porque as indústrias têm que repassar o custo dos fretes em função da elevação dos combustíveis”.

Caminhos

Diante desse cenário, as especialistas apontam caminhos. Borges destaca a resiliência do agronegócio brasileiro: “O agronegócio brasileiro já mostrou capacidade de adaptação em outras crises. Agora é hora de monitorar os desenvolvimentos, diversificar mercados e aproveitar as oportunidades que surgirem dessa instabilidade geopolítica”.

Fernandes, por sua vez, enfatiza os desafios macroeconômicos: “Toda vez que a taxa Selic aumenta, nós temos aí o encarecimento do dinheiro no mercado, que por consequência inibe o setor produtivo e inibe o consumo das famílias. E tudo isso vem de encontro num momento muito difícil aqui para a política nossa”.

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