A última semana foi marcada por desafios climáticos que impactaram a colheita da soja no Brasil. Chuvas intensas nas regiões Centro-Norte do país, incluindo parte de Minas Gerais, geram alertas para o risco de precipitações acima da média. No Sul, a estiagem também afetou a produtividade, com o Departamento de Economia Rural (Deral) reportando dificuldades, mesmo com apenas 2% da área do estado sendo colhida.
Safras de soja recorde
Apesar desses desafios, a safra de soja 2024/25 segue com projeções positivas, com o International Grains Council (IGC) elevando suas estimativas de produção mundial, sustentando a expectativa de uma safra recorde.
Em Chicago, o contrato de soja para março de 2025 fechou a US$10,35 por bushel, registrando alta de 0,88% na semana. Em contrapartida, o dólar recuou 0,49%, encerrando a semana cotado a R$6,07. No mercado físico, o movimento foi negativo ao longo da semana, com a soja recuando na rolagem de contratos em Chicago.
Condições climáticas
O comportamento climático nas próximas semanas será determinante para confirmar ou não a safra recorde de 170 milhões de toneladas, um volume já amplamente aceito pelos players do mercado. Conforme a safra avança, os prêmios começam a sofrer pressão de baixa. Os acumulados de chuva dos últimos cinco dias foram satisfatórios em grande parte das áreas produtivas, e as previsões do NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA) indicam continuidade das precipitações nas próximas duas semanas. Embora o risco de falta de chuva seja baixo, o excesso hídrico pode se tornar uma preocupação em algumas regiões.
Soja para Argentina
Ao analisar o início das safras anteriores, é possível identificar um padrão interessante. Na safra 21/22, que sofreu uma quebra significativa, a colheita começou entre as semanas 1 e 2 de janeiro, e o mercado reagiu com alta tanto na base FOB quanto na CBOT. Já na safra 22/23, também marcada por uma quebra produtiva, a colheita iniciou entre as semanas 2 e 3 de janeiro, resultando em queda nas cotações.
Para a safra atual, o volume de soja ainda é pequeno para considerar um início significativo de colheita, devido ao clima chuvoso e às lavouras úmidas. À medida que o início da colheita se aproxima, o mercado pode reagir com uma queda expressiva nos preços, tanto na base FOB quanto na CBOT.
Na Argentina, apesar das recentes preocupações com as condições climáticas e o desenvolvimento da safra, as previsões indicam uma possível melhoria nas condições meteorológicas. Essa recuperação no potencial produtivo pode gerar uma pressão de baixa nas cotações dos derivados de soja, dependendo da velocidade da recuperação da safra argentina.
Colheita
Com base nos parâmetros climáticos e de colheita, a soja pode enfrentar uma semana de baixa, pressionada pelo avanço da colheita no Brasil. O câmbio não deverá exercer uma influência significativa nos preços nesta semana, com as oscilações nos mercados internacionais, em grande parte, sendo determinadas pelas condições climáticas e o progresso da colheita no Brasil e na Argentina.