Quase sete anos após o assassinato de Arlei dos Santos Sorrilha, em uma conveniência da Rua Euclides da Cunha, região central de Campo Grande, o mecânico Giovane Oliveira Carvalho encara o júri popular nesta terça-feira (10). Sentado no banco de réus, disse que terá que conviver com o crime pelo resto da vida. “Como vou educar meu filho sendo homicida? Como a sociedade vê um homicida?”, declarou.
A denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) aponta que na noite de 2 de dezembro de 2017, Giovane estava com o amigo Anderson Henrique de Almeida na conveniência. Os dois deixavam o local de carro quando Anderson, que era o motorista, atingiu Arlei ao dar ré.
A vítima ficou irritada e discutiu com os dois. Nesse momento, um segurança da conveniência expulsou os três da conveniência e amigos de Arlei o seguraram pelos braços para o tirarem do local. No entanto, enquanto saíam, Giovane teria questionado à vítima “você não é o ‘brabão’?”. Nesse momento, Arlei se soltou dos amigos e foi até o carro onde os acusados estavam.
Ainda, conforme a denúncia, Giovane desceu com a arma já em punho e atirou cinco vezes em Arlei, que morreu antes mesmo da chegada do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). A vítima foi atingida por dois tiros no peito e três nas costas.
Em depoimento, mais de meia década após o crime, Giovane disse que ele e Anderson queriam “paz”. Também afirmou que Arlei entendeu a provocação de maneira errônea. “Eu falei para um amigo ‘por que ele está bravo se a gente está pedindo desculpa?’, e ele veio ‘o que você falou? brabão?’ e veio querendo bater na gente”, disse.
Giovane reforçou que não tinham intenção de causar confusão no dia do crime. “Doutor, a gente veio pedindo desculpa lá desde trás, porque o carro não tinha pegado nele. Aí ele veio, a gente estava querendo ele ir embora, e brigando com o Anderson, xingando o Anderson, sendo que o carro não pegou nele. O Anderson falou: ‘cara, a gente não quer brigar, a gente não quer fazer nada, desculpa’, e desceu do carro querendo conversar com ele, e nisso que ele tentou bater no Anderson”, afirma.
O mecânico assumiu o crime. “Vocês podem me dar a qualificadora maior porque, querendo ou não, eu tirei uma vida, e isso vai ser pelo resto da vida. Como que eu vou educar meu filho sendo um homicida? Porque a sociedade me vê como um homicida, por mais que a gente jamais quisesse fazer isso”, finalizou.
O julgamento ocorre com apenas um dos réus, uma vez que Anderson Henrique de Almeida morreu em novembro de 2020 vítima de um acidente de trânsito.
Homicídio simples
O réu Giovane se apresentou à delegacia no dia 4 de dezembro, quase dois dias após o crime. Ele disse na época que agiu em legítima defesa.
A primeiro momento, o caso foi tratado como homicídio qualificado por motivo torpe, o que poderia levar à condenação de 12 a 30 anos de prisão do réu. Contudo, a Justiça optou por retirar a qualificadora e manter o júri por homicídio simples, com pena de 6 a 30 anos de prisão.
Giovane responde por homicídio e o amigo, Anderson, responderia por favorecimento pessoal.