O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) tem acesso desde às 17h45 do dia 2 de outubro ao vídeo entregue pelo Jornal Midiamax com denúncias que implicam políticos do PSDB sobre corrupção no Detran-MS. No entanto, 27 dias depois, o órgão não responde sobre as providências adotadas com as informações que apontam o deputado federal do PSDB, Beto Pereira, como o chefe do esquema.
Ó Jornal Midiamax publicou série de reportagens com denúncias feitas a partir de vídeo do despachante David Cloky Hoffaman Chita, que está foragido para não ser preso por praticar fraudes ao Detran-MS, em que acusa o parlamentar tucano de ser o chefe do esquema.
Assim, a reportagem tentou por diversas vezes uma resposta via canais oficiais da assessoria de comunicação do órgão. Sem resposta, o Jornal Midiamax protocolou requerimento solicitando um certificado do MPMS sobre a destinação dada ao vídeo, com cópias dos respectivos despachos, encaminhamentos e demais atos processuais administrativos relacionados ao vídeo.
O objetivo do jornal é colaborar e instruir o MPMS sobre fato de incontestável interesse social. No entanto, o silêncio do MPMS causa estranheza, uma vez que o mesmo tipo de questionamento foi respondido em poucos dias ao então candidato do PSDB, que acabou derrotado ainda no 1º turno das eleições em Campo Grande.
Observadores mais atentos apontaram que até o nome do PGJ foi assinado errado no documento, que rapidamente circulou nas redes sociais.
Diferente da solicitação do presidente municipal do PSDB em Campo Grande, o requerimento de certidão feito pelo Jornal Midiamaxno dia 23 de outubro, ainda não foi respondido.
Na ocasião, mesmo com o denunciante do vídeo devidamente identificado e com conteúdo publicado no Jornal Midiamaxo de maior alcance e visualizações em Mato Grosso do Sul, o PGJ, Milhan, assinou documento como ‘Milan’ afirmando que o requerimento de Chita solicitando colaboração premiada não citava o nome de Beto Pereira.
Dessa forma, o Jornal Midiamaxque em nenhum momento conseguiu obter respostas do MPMS sobre o trâmite do pedido de colaboração premiada, diferente da rapidez demonstrada em responder requerimento solicitado pelo candidato do PSDB, consolida sua responsabilidade social em colaborar com investigação que pode elucidar fato de interesse social.
Então, ao tomar conhecimento sobre todos os fatos citados por David no vídeo, o MPMS poderá instaurar notícia de fato, que é o procedimento inicial para investigar qualquer denúncia que chegue à instituição.
Corrupção no Detran-MS: operações com suspeita de blindagem
O despachante, que confessou operar no esquema, alega que órgãos de investigação de Mato Grosso do Sul estariam agindo deliberadamente para blindar políticos do PSDB implicados no caso. Assim, ele quer formalizar um acordo de colaboração para apresentar todo o rol de provas que implicariam Beto Pereira como o verdadeiro chefe do esquema de corrupção no Detran-MS.
No entanto, apesar de detalhar inúmeros fatos e apresentar provas, Chita garante que tem “muito mais” para apresentar, assim que o MP o chamar para firmar o acordo. “Só que não falei tudo, nem 30% do que eu sei. Tem coisas de 1 ano e meio atrás, coisas de 4 anos atrás que estou segurando”, afirma.
O vídeo inclui indícios sobre envolvimento de Beto Pereira e outros políticos do PSDB no esquema de propina. Ele cita também o nome do ex-prefeito de Nova Alvorada do Sul, que acabou nomeado diretor-adjunto do Detran, Juvenal de Assunção Neto, como um dos beneficiários do dinheiro ilícito.
Despachante foragido diz que tem como provar tudo ‘se MPMS quiser’
David fez oficialmente no último dia 24 um pedido de acordo de colaboração e afirma que, com a delação, poderia ajudar o MPMS a chegar aos poderosos por trás do esquema de corrupção no Detran-MS.
Hoffaman afirma que tem provas que implicam agentes políticos, autoridades e servidores públicos.
Assim, no vídeo entregue ao PGJ, o despachante adiantou que tem um extenso rol de provas como trocas de mensagens, conversas gravadas, vídeos, fotos e até comprovantes de Pix que comprometem os integrantes do grupo e confirmam Beto Pereiro como o chefe do esquema.
Oficialmente, Beto Pereira continua calado sobre as acusações. Ele não respondeu nenhuma das tentativas de contato da reportagem e foi às redes sociais dizer que a denúncia é eleitoreira. No entanto, Beto nunca ousou negar publicamente as acusações detalhadas e muito menos rebater as informações já liberadas por David Chita.
Então, ficaram combinados repasses mensais a três pessoas tratadas como a cúpula do esquema criminoso. Em troca, Beto Pereira supostamente atuou para facilitar a operação com nomeações dentro do Detran-MS, acesso à cúpula da Polícia Civil e da Casa Civil para ‘blindar’ a operação.
Além dos pagamentos fixos, David conta que ainda repassava uma comissão por cada documento fraudado. Segundo ele, mais de R$ 1,2 milhão de reais foram repassados ao grupo chefiado pelo deputado federal no período em que o esquema criminoso operou.
“Beto (Pereira) sempre foi o chefe, nada era feito sem autorização dele”, reforça David Cloky Hoffaman Chita.